setembro 16, 2014

Regresso à escola

O post de hoje vem em jeito de desabafo. Serve para ficar registado para minha memória futura. Não tem sido a linha deste blog, mas apeteceu-me. 



 O regresso à escola significou este ano voltar para Castelo de Paiva. Uma decisão tomada totalmente a pensar no bem estar do F.. 
O quadro era, regressar para Coimbra para uma escola nova, e daqui a uns dias voltar para outra noutro lugar do país, ou voltar para Castelo de Paiva, para a escola que já conhece e aguardar as decisões do Ministério em mandar-nos para outro sítio qualquer. 

Não estou colocada ainda, o que significa que, o F. ou voltava a conhecer uma nova escola em Coimbra, ou eu voltaria para Paiva para que ele calmamente e sem ansiedade pudesse continuar com os seus amigos. 

Regressar não foi tão fácil como eu estava a pensar. Nova casa, novo quarto, deixar para trás quem se gosta e se quer por perto e vir na qualidade de desempregada à espera de uma colocação sabe-se lá quando e onde! 
Sim porque o risco é grande de, daqui a uns dias, ser colocada num lugar bem longe daqui e de Coimbra e de termos os dois de, mais uma vez,  fazer as malas e partir novamente e de o F. ir conhecer mais uma escola nova.

Se por um lado uns me dizem para não me preocupar com isso, pois conhecer novas escolas e novas pessoas fá-lo crescer e de eu saber que ele é um menino muito sociável e que se adapta facilemente, a instabilidade faz-me um pouco de confusão, e não tenho tanta certeza de que seja assim tão linear!! Andar como nómada não é popriamente o meu estilo de vida de sonho. e não saber com o que conto, a cada setembro que chega, começa a pesar em mim e por mais que eu ache, a cada ano, que vou enfrentar a situação com mais leveza e alegria, todos os anos nesta altura fico em baixo e ansiosa. 

Mas ontem ao ver a felicidade do F. ao regressar à sua escola, rever os seus amigos e brincar com alegria, fez-me pensar que esta terá sido a melhor opção. Agradeceu-me por termos vindo, percebeu que estamos aqui só para ele ir à escola que já conhecia.

Eu que prezo tanto a aprendizagem descontarída e sem ansiedades, andar de escola em escola, de professor em professor, faz-me criar receios e ansiedades quanto à escolarização do F. 

Uma vez que por agora o ensino doméstico não pode ser opção para nós, e uma vez que eu vejo que o F. adora ir à escola, para mim mantê-lo numa situação calma e descontraída parece-me o quadro mais feliz. Afastá-lo desta teia esmagadora, emocionalmente devastadora e desgastante que o nosso Ministério da Educação criou, sem olhar a pais, famílias e crianças. Ninguém é ouvido, as situações não são denunciadas, e a sociedade em geral, não faz sequer a menor ideia das histórias que se passam nesta vida de professores.

É triste, traz desalento e vontade de desistir. Mas as opções para outro modo de vida são muito poucas ou nenhumas e a solução é mesmo tentar ver as coisas de forma positiva.  Fazer perceber ao F. que o importante não é o lugar onde estamos mas sim estarmos sempre juntos, caminharmos  juntos, sorrirmos juntos e enfrentarmos os desafios com determinação e alegria. (ainda que às vezes seja difícil)


4 comentários:

  1. Não é por serem quem são ("meus"), mas a lágrima me caíu ... e palavras, não tenho, porque não existem ... Um país cujos números são função em vez da qualidade e bem-estar de todos. Já partilhámos, felizmente, pessoalmente e falámos, ainda assim não deixo de ficar sem palavras, em desalento por sermos (professoras) como tantos mais, e sem qualquer perspectiva, apenas uma enorme falta de respeito por sucessivas governações que em gabinetes e assegurando sempre o seus e o dos "seus" pouco, melhor, nada faz em prol de quem trabalha e dignifica o país, professores, país, educadores, médicos, e todos os profissionais, cuja dignidade tem sido roubada, por quem apenas sabe passear de fato e gravata entre parlamento e gabinete. Não têm mãos de trabalho nem pés de passar e caminhar pelo terreno.
    Francisca e F., acredito sempre, que a melhor solução está achegar e são bênçãos, mesmo que as não vejamos.
    Procuro não alimentar sentimentos, mas há momentos em que apetece mesmo dizer que era a revolta, uma revolução a solução para muita da miserabilização que estes que dizem governar, para seu proveito e dos amigos, instalaram e nos obrigam a acreditar que existe efectivamente e nela viver! Revolta e Revolução ... Um "arrependimento", grito geral, um basta :" Era importante todos, mas todos em acção, agir e "repensar os seus caminhos; revivessem os seus conceitos; retirassem o gesso das mentes"

    Um enorme beijo F's.
    Cláudia Nunes.

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  2. Querida Francisca, não tenho palavras. Envio-te um abraço de solidariedade muito apertado

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  3. Muito obrigada Luísa. Abraço recebido e bem confortante. :)

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